Por Marcia Usami, Diretora de Soluções de Crédito da Serasa Experian
Não é segredo que o crédito funciona como um combustível para as empresas – de todos os tamanhos, mas principalmente para as pequenas e médias (PMEs), pois possibilita a construção de capital de giro e fluxo de caixa, além de viabilizar recursos para investimentos e expansão. Para o seu crescimento, é fundamental contar com insumos e fornecedores que corroborem com a estratégia e estejam, de forma sólida e segura, com visibilidade de informações para avaliação. Segundo um estudo da Serasa Experian, os custos de mercadorias vendidas de uma PME representam em média 76% do seu faturamento total, ou seja, grande parte do seu custo é relacionado à fornecedores – o que dificulta terem acesso à maiores limites de compra e melhores prazos de pagamento.
Atualmente no Brasil, ainda de acordo com a Serasa Experian, 90% das empresas brasileiras são PMEs. Entretanto, durante uma pesquisa interna da Serasa Experian, identificou-se que 68% deles não possuem operação de crédito em função da escassez de boas ofertas. Ainda assim, a demanda de crédito dos empreendimentos vem caindo desde agosto de 2022, conforme os
dados do indicador Serasa Experian. Juros elevados e inflação contribuem para frear o fluxo de crédito no mercado, uma vez que o cenário turbulento e a diminuição de previsibilidade aumentam o risco dos credores de não receberem pelo que emprestaram ou venderam a prazo.
É aí que o tema Recebíveis entra como uma possibilidade de ampliação do crédito, contribuindo para a sustentabilidade econômica e trazendo benefícios aos três principais agentes envolvidos nesse ecossistema: os varejistas – especialmente os de portes médio e pequeno – que vendem via cartão de crédito e débito para os consumidores finais; os credores (sejam indústrias, atacados e distribuidores que vendem a prazo para o varejo ou bancos e fintechs que concedem crédito) e as operadoras de cartão (as empresas processam as vendas feitas em cartão de débito e crédito e oferecem a possibilidade de antecipação desses valores a seus clientes).
O mercado de Recebíveis não é novo para o ecossistema de crédito mercantil brasileiro, isto é, sempre foi possível para as empresas negociarem com suas operadoras de cartão, antecipando os valores a receber pelas vendas via cartão de crédito e débito, que representaram, em 2022, R$ 3,3 trilhões, segundo os dados do Banco Central (BC).