Especialistas afirmam que consumidores com histórico de pontualidade encontram credores mais flexíveis para renegociar dívidas. Em abril, fatura brasileiro ficou em R$ 1.125
São Paulo, 17 de junho de 2020 – Um levantamento inédito da Serasa Experian feito com base nas informações do Cadastro Positivo revela que os consumidores da região Sul do Brasil são os que mais pagam suas faturas de cartão de crédito em dia. De acordo com a pesquisa, os Estados de Santa Catarina (88,8%), Rio Grande do Sul (88,6%) e Paraná (88,3%) são os mais bem colocados no ranking de pagamento da fatura até a data de vencimento. A lista é seguida por Minas Gerais (87,8%) e São Paulo (87,2%). Já os Estados do Amapá (81,5%), Maranhão (81,6%) e Amazonas (81,7%) obtiveram o índice mais baixo de pontualidade no cartão. Para o pagamento em dia é considerado tanto a quitação integral da fatura quanto valores intermediários ou o pagamento mínimo.
De modo geral, 86,7% dos brasileiros que estão inscritos no Cadastro Positivo e que pagaram sua última fatura (seja o valor total ou ao menos parte), o fizeram até a data de vencimento, enquanto 13,3% realizaram o pagamento com atrasos. A pesquisa revela que 3,6% das pessoas pagaram apenas o valor mínimo, sobretudo consumidores com renda de até R$ 1 mil (6,4%), moradores da região Norte (6,6%) e acima dos 60 anos (11,3%).
“Para ter uma vida financeira saudável e organizada, é importante que o consumidor tenha consciência sobre a pontualidade de seus pagamentos, pois isso influencia a sua pontuação de crédito, conhecido como score e, consequentemente, as suas chances de obter crédito, como financiamentos e empréstimos, por exemplo”, analisa o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Rabi ainda esclarece que um bom histórico de pagamento tende a facilitar negociações com credores em momentos de dificuldade. “Consumidores que possuem um bom histórico de pontualidade em seus pagamentos podem encontrar mais facilidades para renegociar dívidas ou mesmo buscar crédito em momentos instáveis como o atual. Quem não conseguir manter todas as contas em dia pode procurar o credor para explicar a situação e tentar uma renegociação justa para ambos os lados”, orienta Rabi.
50% dos brasileiros que estão no Cadastro Positivo têm mais de dois cartões
A pesquisa revela ainda que a renda é outro fator que influencia na pontualidade do pagamento. Indivíduos com renda mensal acima de R$ 10 mil possuem 93,5% de pontualidade nas compras realizadas no cartão de crédito. Índice próximo (91,4%) visto entre os que ganham de R$ 5 mil a R$ 10 mil por mês. Nas faixas intermediárias (renda de R$ 1 mil até R$ 2 mil e de R$ 2 mil até R$ 5 mil), a taxa de pontualidade é de 84,6% e 87,6%, respectivamente. O índice mais baixo fica com os brasileiros que ganham até R$ 1 mil (82,5%).
Outra constatação é que vem se tornando comum a posse de vários cartões de crédito. Metade (50,0%) dos brasileiros usa dois ou mais cartões, sendo que 9,6% deles estão na faixa de quatro ou mais. Já os outros 50,0% lidam apenas com um na hora de fazer compras.
Brasileiro gasta, em média, R$ 1.125 no cartão de crédito
De acordo com o estudo, a média de gastos com cartão de crédito no país é de R$ 1.125. Este valor cai praticamente pela metade entre a população jovem de 18 a 25 anos (R$ 581) e atinge o valor mais elevado entre os adultos de 36 a 60 anos (R$ 1.263)
Na visão por UF com maior gasto médio, o Distrito Federal aparece na liderança: R$ 1.667. Em seguida estão Roraima (R$ 1.640), Amapá (R$ 1.431) e Mato Grosso (R$ 1.316). Já os gastos mais baixos estão, em sua maioria, concentrados no Nordeste, com liderança do Maranhão (R$ 868), Piauí (R$ 880) e Sergipe (R$ 893).
Brasileiros de baixa renda comprometem 60,7% da renda com gastos no cartão
O levantamento também descobriu que os consumidores de mais baixa renda são os que mais comprometem parte do salário com pagamentos no cartão de crédito. Entre os consumidores que ganham até R$ 1 mil por mês, o gasto médio com cartão ficou em R$ 524,00 no último mês de abril. Isso significa que 60,7% da renda destes brasileiros foi usada para cobrir as despesas feitas no chamado ‘dinheiro de plástico’, percentual acima da média geral (29,2%).
O índice de comprometimento de renda com os gastos no cartão de crédito diminui conforme cresce o poder de compra do consumidor. Dentro da faixa de R$ 1 mil a R$ 2 mil, a taxa fica em 48,4%, também acima do resultado geral. O menor comprometimento (14,2%) pode ser verificado na faixa acima de R$ 10 mil. Veja na tabela abaixo as informações de todas as faixas.
Para Rabi, o cartão de crédito é um meio de pagamento que traz conveniência e segurança, ao reduzir a circulação do dinheiro em papel, mas seu uso indevido pode transformá-lo em uma ferramenta perigosa nas mãos de pessoas indisciplinadas. “Se bem utilizado, o cartão é uma excelente modalidade de pagamento, que pode auxiliar na organização dos consumidores e auxiliar até na preservação da saúde, visto que o dinheiro em papel pode ser um agente de contaminação de doenças. Os problemas surgem quando o limite pré-aprovado vira uma extensão da renda e os gastos ultrapassam a capacidade de pagamento. Como os brasileiros de menor renda têm menos margem de manobra com o próprio orçamento, muitos recorrem ao cartão para concentrar despesas e ganhar fôlego até o vencimento da fatura”, alerta o economista.
Metodologia
A partir das informações da base de dados do Cadastro Positivo da Serasa Experian, o levantamento inédito considerou uma fotografia de abril dentro de uma amostra de 1,7 milhão de pessoas que utilizam algum produto financeiro em todo o país para identificar o comportamento dos brasileiros em relação ao cartão de crédito como: representatividade, pontualidade e comprometimento da renda, com visões por faixa de renda, idade, Estados e Regiões do Brasil.
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