Em meio à tragédia que assolou o Rio Grande do Sul após as fortes chuvas no estado, fraudadores tentaram tirar proveito da situação para aplicar uma série de golpes.
Os estelionatários exploram tanto o desespero das milhares de pessoas afetadas pela crise como a boa vontade de quem está disposto a ajudar. Listamos abaixo algumas das fraudes que foram e continuam sendo disseminadas depois das enchentes, além de dicas e boas práticas de prevenção para não cair nelas. Confira:
- PIX falsos: golpistas alteram somente a chave PIX de postagens reais de órgãos oficiais ou se passam por instituições de caridade para receber as doações em suas próprias contas. Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), mais de 30 perfis falsos que utilizavam o card do governo do estado informando chaves de PIX erradas foram derrubados a partir de um acordo com a empresa Meta.
- Falsas centrais: os fraudadores fazem ligações se passando por instituições financeiras para oferecer às vítimas a liberação de empréstimos imediatos, a possibilidade de resgatar valores do FGTS etc. Na sequência, eles solicitam informações sensíveis como dados de cartão de crédito, senhas, CPF e número de conta da pessoa para efetivar a operação.
- Falsa promoção: o deep fake também foi usado pelos estelionatários em meio à tragédia no Rio Grande do Sul. Num dos casos que mais ganhou repercussão na imprensa, um vídeo de um famoso empresário foi adulterado de modo que ele, em nome de sua loja, anunciasse uma falsa oferta de um liquidificador por R$ 79,90 (com todo o valor da venda do produto sendo destinado a ajudar as vítimas).
- Falso resgate: criminosos ofereceram aluguel de lanchas e até de helicópteros para resgatar as vítimas da enchente – sempre mediante pagamento adiantado. Só que a ajuda nunca aparecia no local combinado.
- Falso abastecimento: aproveitando-se da falta de água nos reservatórios de milhares de pessoas, os fraudadores também disseminaram sites falsos e ofertas falsas nas redes sociais com a promessa de levar caminhões-pipa ao endereço das vítimas. Aqui o serviço também exigia pagamento adiantado – e o desfecho é o mesmo dos falsos resgates.
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Golpes repaginados
As fraudes listadas acima não são necessariamente novas. Afinal, envolvem links falsos, roubo de dados, engenharia social, deep fake, falsas centrais telefônicas e até fake news.
Além disso, esta não é a primeira e nem será a última vez que os golpistas tiram proveito de situações de crise. Há poucos anos, por exemplo, a isca dos criminosos foi a pandemia da Covid-19 (que trouxe fraudes como falso auxílio-cidadão, falso pagamento extra de Bolsa Família, falsas promoções de produtos e serviços, entre muitas outras).
“Os fraudadores direcionam golpes que são aplicados frequentemente para estes momentos de comoção pública ou de catástrofe. Os métodos e técnicas muitas vezes são os mesmos, sendo apenas ‘repaginados’. O desespero das vítimas, a urgência de ajuda e a mobilização da sociedade lamentavelmente criam um cenário favorável para o criminoso explorar”, comenta Caio Rocha, Diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian.
Dicas de segurança
Para evitar cair em fraudes em situações como esta, desconfiança é a palavra-chave – tanto para os que estão vulneráveis, sofrendo com a tragédia, como para quem está longe e quer ajudar de alguma forma.
“Os atingidos pelas enchentes devem evitar clicar em links diretos e nunca informar seus dados pessoais em contato de desconhecidos. Golpistas também costumam pedir pagamentos adiantados e pedir pressa para a conclusão destes pagamentos, além de oferecerem ofertas aparentemente ‘imperdíveis’”, afirma Caio Rocha.
“Já no caso de quem vai doar via PIX, é fundamental que o doador confirme na hora de realizar a transação se a chave PIX realmente pertence à empresa ou instituição que vai receber o pagamento, além de redobrar atenção caso o pedido de ajuda chegue por redes sociais e Whatsapp”, completa o especialista.
Por fim, é recomendado que qualquer pessoa que sofra algum destes golpes registre o caso na Polícia Civil para possibilitar a investigação dos crimes e a identificação dos fraudadores.