As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio causaram inundações em diversas regiões do estado, impactando o setor agrícola. Para auxiliar na avaliação e projeção dos danos e fornecer informações precisas à sociedade e ao mercado, a Serasa Experian, por meio da análise das imagens de satélite, mapeou as áreas agrícolas que foram afetadas.

O estudo sobre as inundações nas lavouras revela que a área impactada vai além dos cultivos já colhidos. Entre os 202 mil hectares de soja, milho e arroz afetados pela pelas inundações nos 103 municípios mais afetados, pelo menos 83,3 mil hectares ainda não estavam colhidos.

As primeiras áreas inundadas foram as lavouras próximas aos vales dos rios centrais.

Algumas plantações foram varridas pelas correntezas, enquanto áreas de várzea produtoras de arroz e soja ficaram submersas. Nestes casos, as perdas são totais devido ao longo período de encharcamento dos grãos.

Confira em detalhes, a situação dos 103 municípios que mais sofreram com as chuvas e inundações na bacia do Rio Jacuí/Guaíba e entorno da Lagoa dos Patos:

Confira a situação dos municípios afetados no GIF acima

  • 202,9 mil hectares de cultivos de soja, milho e arroz foram afetados pelas inundações.
  • 83,3 mil hectares desses cultivos ainda não haviam sido colhidos no momento das inundações.
    • Soja:  24 mil ha submersos ou 34% dos 70 mil ha cultivados aguardavam a colheita.
    • Milho:  429 hectares submersos ou 75% dos 569 hectares aguardavam colheita.
    • Arroz:  59 mil hectares ou 45% dos 132 mil hectares cultivados aguardavam a colheita. O impacto no arroz foi o mais severo em termos de área, com perdas que representam entre 6 e 7% da safra gaúcha.

Além das áreas de cultivo, o estudo também identificou 144 unidades armazenadoras (silos) afetadas pelas inundações, com perdas parciais ou totais dos volumes estocados relatadas em muitas delas.

Vale salientar que, mesmo os silos não diretamente impactados pelas inundações, podem ter sido prejudicados de forma indireta. A falta de energia e os danos na logística de escoamento da produção, ocasionados pelas enchentes, podem comprometer a estocagem dos grãos.

Cabe destacar também que as maiores perdas da safra de soja e de milho no estado não se devem às inundações e sim à perda na qualidade de grãos e dos grãos que germinaram em planta, especialmente os que estavam próximos à fase de colheita.

Para o caso do arroz, cabe destacar, em condições normais, sinalizavam para um crescimento de aproximadamente 5% na produção do Estado em relação à safra passada, conforme dados da CONAB. Com as perdas que ficam entre 6-7%, conforme números do levantamento da Serasa Experian, a safra gaúcha total de 2023/24 se aproxima bastante de 2022/23, sem riscos de desabastecimento do mercado doméstico.

Impactos no crédito agrícola

As inundações e as perdas agrícolas subsequentes podem impactar a concessão de crédito para produtores rurais. Instituições financeiras e Cooperativas precisam considerar os riscos e os desafios na avaliação da saúde financeira dos produtores. Algumas medidas podem ser consideradas para auxiliar na mitigação dos impactos das inundações e na retomada da produção agrícola:

  • Recorrer a políticas públicas de apoio aos produtores rurais afetados, como linhas de crédito emergenciais e subsídios para a recomposição das lavouras.
  • Fortalecimento dos mecanismos de seguro agrícola para oferecer maior proteção aos produtores contra perdas.
  • Promoção da educação financeira e da gestão de riscos para auxiliar os produtores na tomada de decisões mais conscientes e na mitigação dos impactos de eventos climáticos.

Metodologia e Fontes de Dados

  • O estudo analisou 103 municípios da bacia do Rio Jacuí, dos quais 35 decretaram estado de calamidade pública e 55 decretaram estado de emergência até 16 de maio.
  • As áreas de cultivo ainda não colhidas foram identificadas através da análise de séries temporais de imagens de satélite e dados de precipitação diária.
  • Os mapas de soja e milho são de propriedade da Serasa Experian e foram produzidos com base na interpretação de imagens de satélite.
  • Para complementar os dados, foram utilizadas informações públicas e de outras instituições, como:
    • Mapa de arroz da CONAB;
    • Mapa de pastagem do LAPIG;
    • Lâmina de inundação do IPH/UFRGS;
    • Mapa de estruturas de armazenamento agrícola da Serasa Experian.

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