O gerenciamento de resíduos tem ganhado cada vez mais relevância no contexto corporativo, impulsionado pela necessidade de reduzir os impactos ambientais e pela conformidade com legislações rigorosas.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), por exemplo, estabelece diretrizes para garantir que as empresas adotem práticas ESG que minimizem a geração de lixo, promovam a reciclagem e assegurem a destinação correta dos rejeitos.
Nas empresas, esse gerenciamento de resíduos vai além do simples descarte. Ele envolve uma série de procedimentos técnicos que incluem desde o diagnóstico e a classificação dos resíduos até o tratamento e a destinação final adequada. E então, quer saber como essa prática pode transformar uma obrigação legal em uma vantagem competitiva? Então, continue lendo!
O que é o gerenciamento de resíduos?
O gerenciamento de resíduos envolve um conjunto de práticas que têm a finalidade de reduzir, tratar e destinar de forma correta todos os resíduos gerados por uma marca.
O processo deve ser integrado à operação de toda a organização empresarial, começando pela redução na fonte, passando pela separação dos resíduos e terminando com a destinação final adequada, seja para reciclagem, compostagem ou aterros sanitários.
O principal objetivo do gerenciamento de resíduos é a minimização de impactos ambientais, o que significa tratar os resíduos de forma a reduzir sua periculosidade e quantidade, promovendo a reciclagem e a reutilização.
Esse processo impacta diretamente a responsabilidade social e ambiental das companhias, um fator que, além de fortalecer a imagem corporativa, pode trazer benefícios financeiros, como isenções fiscais ou economia no uso de recursos.
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regida pela Lei nº 12.305/2010, é a principal legislação que orienta a gestão de resíduos nas empresas. Ela estabelece que os geradores de resíduos devem criar planos para a correta gestão e destinação final, o que inclui tanto grandes indústrias quanto pequenos empreendimentos.
Qual é a importância do gerenciamento de resíduos para PMEs?
Assim como os grandes players do mercado, as PMEs não ficam de fora e enfrentam uma série de desafios quando se trata de práticas ESG, que envolvem desde a busca por otimização de processos até a adequação às leis ambientais.
Então, a gestão de resíduos aparece como uma oportunidade de transformar uma exigência legal em uma vantagem competitiva, trazendo benefícios como:
- Redução de custos: é possível reduzir o desperdício de materiais, otimizando o uso de insumos e resultando em uma economia significativa, especialmente para organizações que operam com margens apertadas;
- Conformidade legal: a PNRS exige que as companhias sigam normas específicas para o descarte de resíduos, evitando multas e sanções. Tenha em mente que estar em conformidade não é apenas uma questão de seguir as regras, mas também de garantir a continuidade das operações sem interrupções legais;
- Melhoria da imagem corporativa: os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas sustentáveis das empresas. Então, aqueles empreendimentos que demonstram preocupação com o meio ambiente e fogem do greenwashing têm maior apelo para um público consciente, além de fortalecer sua reputação no mercado.
Além dos pontos que trouxemos, vale mencionar também que um bom gerenciamento de resíduos pode atrair investidores ou parcerias estratégicas, que veem em práticas sustentáveis uma oportunidade de crescer junto com organizações inovadoras.
E não apenas isso! Reduzir a quantidade de lixo a ser descartado também diminui os custos com transporte e disposição em aterros sanitários, além de permitir o reaproveitamento de materiais.
A reciclagem de papel em escritórios, por exemplo, pode reduzir as despesas com compra de novos papéis e, ao mesmo tempo, melhorar a imagem da marca perante clientes que valorizam práticas sustentáveis.
Quais são as etapas da gestão de resíduos nas empresas?
O gerenciamento de resíduos é dividido nas seguintes etapas: diagnóstico, planejamento, implementação, monitoramento e correção. Entenda cada uma delas abaixo!
- Diagnóstico: essa fase envolve a identificação dos tipos de resíduos gerados pela empresa e a quantidade de cada um. Sem um diagnóstico preciso, é impossível desenvolver um plano eficaz. Portanto, ferramentas de auditoria de resíduos podem ser usadas para avaliar o que é produzido e o que pode ser reduzido ou reaproveitado;
- Planejamento: uma vez que o diagnóstico é feito, é hora de planejar como os resíduos serão gerenciados. Isso inclui a definição de metas para redução, reutilização e reciclagem, além de identificar parceiros para o descarte correto, como cooperativas de reciclagem;
- Implementação: o plano de gerenciamento de resíduos deve ser colocado em prática, o que inclui a criação de pontos de coleta seletiva, treinamento de funcionários para separar corretamente os resíduos e garantir que o armazenamento seja feito de forma segura;
- Monitoramento: é fundamental acompanhar os resultados das práticas adotadas. O monitoramento contínuo permite identificar falhas e ajustar o plano, garantindo que as metas sejam atingidas e que a empresa esteja em conformidade com as normas;
- Correção: a gestão de resíduos é um processo contínuo de aprendizado e ajustes. Com base nos resultados do monitoramento, a empresa deve revisar seu plano e corrigir possíveis falhas para aumentar a eficiência.
Como fazer o gerenciamento correto de resíduos? 4 passos!
O gerenciamento de resíduos é uma prática que exige planejamento estratégico, conscientização e a aplicação de boas práticas em todas as fases operacionais. Por isso, trouxemos aqui um passo a passo que vai te ajudar muito nessa jornada. Pegue seu bloco de notas e anote tudo!
1. Faça a redução de resíduos na fonte
A redução de resíduos na fonte é o primeiro e mais importante passo na gestão de resíduos. Ela envolve a otimização dos processos produtivos para minimizar a geração de resíduos, podendo incluir:
- Adoção de tecnologias mais eficientes: empresas podem investir em maquinário que maximize o uso de matérias-primas e reduza sobras;
- Compra consciente: adquirir insumos apenas na quantidade necessária evita o acúmulo de materiais desnecessários;
- Treinamento de colaboradores: capacitar a equipe para utilizar os materiais de forma eficiente pode reduzir significativamente o desperdício.
2. Separe e classifique os resíduos de acordo com sua tipologia
A separação é crucial para garantir que os resíduos recebam o tratamento correto. Nessa fase, eles devem ser classificados de acordo com sua natureza, como recicláveis, orgânicos, perigosos e rejeitos. De acordo com a Resolução-RDC ANVISA nº 307, os materiais devem ser separados em:
- Grupo A (infectantes) – que tenham presença de agentes biológicos que apresentem risco de infecção. Ex.: bolsas de sangue contaminadas;
- Grupo B (químicos) – que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente, independentemente de suas características inflamáveis, de corrosividade, reatividade e toxicidade. Por exemplo, medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de Raio-X;
- Grupo C (radioativos) – materiais que contenham radioatividade em carga acima do padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear;
- Grupo D (resíduos comuns) – qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou que possa provocar acidentes, como gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis;
- Grupo E (perfurocortantes) – objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro.
A partir disso, a organização responsável pelo gerenciamento e destinação de resíduos iniciará a elaboração do PGR de acordo com os resíduos gerados:
- PGR (Plano de Gerenciamento de Resíduos);
- PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos);
- PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde).
3. Armazene os resíduos corretamente e tenha um plano de transporte
O armazenamento dos resíduos deve seguir normas de segurança para evitar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Isso é importante porque previne a contaminação e facilita o transporte para os pontos de coleta ou tratamento.
Os resíduos perigosos, por exemplo, devem ser armazenados de forma a evitar contato com o solo, água ou exposição ao ar, prevenindo contaminações. Então, sua empresa deve utilizar recipientes seguros e rotulados para diferentes tipos de resíduos, como recipientes estanques para resíduos químicos e contêineres para recicláveis.
Além disso, o transporte dos resíduos deve ser feito por companhias especializadas e credenciadas, garantindo que o transporte e a destinação final cumpram as exigências legais da ANVISA e da PNRS.
4. Faça o tratamento e a destinação dos resíduos conforme a lei
Após a separação e o armazenamento, os resíduos devem ser tratados ou destinados de forma adequada, por meio de processos como:
- Reciclagem: resíduos recicláveis, como papel, plástico e metal, devem ser enviados para cooperativas ou empresas de reciclagem;
- Compostagem: resíduos orgânicos podem ser transformados em adubo por meio de processos de compostagem;
- Tratamento de resíduos perigosos: resíduos que apresentam riscos à saúde, como químicos ou resíduos hospitalares, exigem tratamento especializado, como incineração controlada.
Vale lembrar, aqui, que a legislação brasileira exige que as empresas sigam normas rigorosas para a destinação final no gerenciamento de resíduos. Afinal, a destinação inadequada pode resultar em multas pesadas (que podem variar entre 5 mil e 50 milhões de reais) e impactos negativos para o meio ambiente!
Aproveite e leia também: logística reversa: diferencial competitivo e estratégia sustentável.
Como funciona o plano de gestão de resíduos (PGRS) para empresas?
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é um documento que detalha todas as etapas necessárias para o correto gerenciamento dos resíduos gerados por uma companhia. Ele é obrigatório para algumas marcas de setores específicos, mas para outras, trata-se apenas de uma recomendação bastante vantajosa.
A primeira etapa é o diagnóstico de geração, onde é feito um levantamento detalhado dos tipos e quantidades de resíduos gerados. Isso envolve uma análise de todos os processos operacionais da empresa, incluindo a produção, o uso de materiais e o descarte.
Depois, com o diagnóstico em mãos, o próximo passo do gerenciamento de resíduos é definir metas para redução de resíduos, reaproveitamento e reciclagem. Tenha em mente que elas devem ser metas realistas e mensuráveis, baseadas nos resultados da análise inicial.
Em seguida, o PGRS deve descrever as estratégias para a coleta interna dos resíduos e o armazenamento temporário até que possam ser transportados para a destinação final. Isso inclui a criação de áreas adequadas para separação e o uso de recipientes apropriados.
Por fim, o plano de gerenciamento de resíduos deve indicar como será feita a destinação final com base em sua tipologia (reciclagem, compostagem, incineração). Parcerias com cooperativas de reciclagem ou empresas de tratamento especializado são uma parte fundamental do plano.
Quais são os setores obrigados a implementar o PGRS?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece que determinadas empresas são obrigadas a elaborar e implementar um PGRS. Elas ficam sujeitas a rígidas normas ambientais e a não conformidade pode resultar em multas, paralisação de atividades e danos à imagem da marca. Os setores elencados são:
- Indústrias: empresas que operam no setor industrial, especialmente as que lidam com resíduos perigosos, como produtos químicos, solventes, óleos e metais pesados;
- Construção civil: o setor de construção gera grandes quantidades de resíduos, como restos de materiais de construção, entulho e produtos químicos;
- Serviços de saúde: hospitais, clínicas, laboratórios e outros estabelecimentos de saúde geram resíduos contaminantes e perigosos que precisam de tratamento adequado, como seringas, agulhas e resíduos biológicos;
- Agroindústria: organizações que operam no setor agroindustrial, como frigoríficos e laticínios, que geram grandes volumes de resíduos orgânicos e químicos.
Mesmo empresas que não são legalmente obrigadas a implementar um PGRS, como pequenas lojas e escritórios, podem se beneficiar ao adotar o gerenciamento de resíduos. O plano traz organização, redução de custos e aumenta a eficiência operacional, além de demonstrar responsabilidade socioambiental.
Chegamos ao final deste conteúdo e podemos concluir que adotar um gerenciamento de resíduos eficiente é mais do que uma obrigação legal. É uma oportunidade para empresas de todos os portes se destacarem em um mercado cada vez mais consciente e competitivo.
Além de minimizar os impactos ambientais e promover a sustentabilidade, as boas práticas na gestão de resíduos podem gerar economia, melhorar a imagem da marca, atrair consumidores conscientes e garantir a conformidade com legislações ambientais.
E se quiser aprofundar seus conhecimentos sobre como o gerenciamento de resíduos pode ajudar sua empresa a crescer de forma sustentável, não deixe de ler nosso artigo que explica como tornar sua empresa mais verde e sustentável. Estamos te esperando!