Ir à falência. Essa é a frase mais temida por qualquer empresário, independentemente do porte do seu negócio. Esse medo não é à toa: segundo o Sebrae, 24,4% das micro e pequenas empresas foram fechadas em menos de dois anos. O percentual aumenta, se mudarmos o prazo para quatro anos: 50% delas fecham as portas.
Mas quais são os motivos que levam a um risco tão grande, a ponto de chegar à falência? O que esses microempreendedores estão fazendo de tão errado para perderem tudo o que investiram em tão pouco tempo? Não há uma resposta única para esses questionamentos. Há uma série de erros que podem levar um negócio a fechar as portas antes mesmo de ver os lucros entrarem no caixa.
Neste artigo, vamos mostrar os principais motivos que levam uma empresa à falência. Leia com atenção e tente perceber se alguma dessas atitudes pode ser mudada em seu negócio.
Entenda o que é ir à falência
O termo falência, como dito, já é bastante conhecido e temido no meio empresarial. No dia a dia, ele é associado à situação na qual uma empresa fecha as suas portas e deixa de funcionar, isso em razão de problemas financeiros graves.
Embora essa não seja uma visão totalmente equivocada sobre o instituto da falência, é preciso deixar claro que ele é mais amplo e técnico do que muitos empreendedores e empresários imaginam. Na realidade, ir à falência é um fato jurídico, isto é, uma circunstância pela qual passa um negócio e que tem uma série de repercussões no campo jurídico.
Assim, de forma mais técnica, pode-se entender a falência como um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio do empresário declarado falido — seja ele pessoa física, seja ele pessoa jurídica —, é reunido e liquidado, para que posteriormente o valores levantados sejam utilizados para pagar os seus credores, obedecendo uma ordem rígida de pagamento.
De forma mais simples, ao se considerar que o patrimônio da empresa é uma garantia dos seus credores, quando o empresário ou sociedade empresária se encontra com sérios problemas de ordem financeira, e o seu patrimônio já não é suficiente para honrar as dívidas e obrigações contraídas, os credores podem ingressar com o pedido de falência do empresário, situação que será declarada mediante decisão judicial. Isso é ir à falência.
Confira as principais causas
A falência está diretamente associada a problemas financeiros dentro da empresa. Em regra, o pedido de falência decorre de longos atrasos em pagamentos de dívidas, funcionários, fornecedores e débitos de diferentes ordens.
Na prática, não se pode dizer que a falência é resultado de apenas uma ação, mas de um conjunto de erros e fatores que se prolongaram por um período suficiente para que a empresa não tivesse mais condições de se manter e de se reestruturar.
A seguir, listamos algumas das causas mais comuns da falência empresarial. Conhecê-las é um passo importante para se precaver de situações de riscos e problemas dessa natureza. Confira!
Deixar de analisar o mercado
A análise das tendências atuais e do que os concorrentes estão fazendo deve ser um processo contínuo em sua empresa, caso você não queira ficar para trás nesse mercado cada vez mais acirrado. Não dá para apenas confiar cegamente no produto ou serviço que se oferece: é preciso entender se o seu público está preparado para consumir o que a sua empresa está propondo.
Um dos grandes erros cometidos pelos empresários que acabaram fechando as portas antes do tempo foi criar soluções para algo que ninguém estava procurando — e não trabalhar para criar essa necessidade no mercado. O primeiro passo, então, para uma análise de mercado eficiente, é perceber se a sua empresa realmente vai resolver o problema das pessoas que seu negócio deseja atingir.
Não ter conhecimento do mercado de atuação
Mais do que uma análise geral do mercado, é preciso ter conhecimento profundo do segmento em que se deseja atuar. O estudo do mercado onde o seu negócio está inserido é fundamental para o sucesso do seu empreendimento, incluindo localização, público, concorrência, entre outros.
Essa ação está diretamente ligada ao tópico anterior e deve ser realizada constantemente. O ideal é que seja inserida no seu planejamento estratégico, ajudando a definir o seu posicionamento de marca e a identificação de novos mercados, por exemplo.
Negligenciar o planejamento estratégico
Por falar em planejamento estratégico, ir à falência nos primeiros anos de funcionamento de uma empresa pode ter relação direta com a falta de um estudo das variáveis que influenciam o seu negócio, tanto no ambiente externo quanto no interno. É preciso entender as forças e fraquezas da sua empresa, além de definir objetivos, metas, missão, visão e valores.
O planejamento estratégico deve ser visto como o ponto de partida na abertura de um negócio. Se você ainda não elaborou o seu, é tempo de reunir a equipe e definir de forma eficaz os objetivos a serem alcançados e as formas de diferenciar a sua empresa da concorrência.
Ignorar o cliente
Um dos principais problemas que levam uma empresa ao fracasso é a falta de conhecimento do seu público. Estudo divulgado pela Revista Exame apontou que 14% das startups que foram à falência simplesmente ignoraram os desejos, as necessidades e as dores dos clientes.
O que isso significa? O empreendedor pode achar que está no caminho certo, desenvolvendo os melhores produtos. Mas se demorar muito para colher o feedback dos seus clientes, analisando profundamente as respostas e corrigindo os rumos, quando necessário, não conseguirá seguir adiante por muito tempo. É preciso olhar além do próprio umbigo para conquistar o consumidor.
Não fazer o investimento necessário
Não saber como investir o capital leva a prejuízos e acaba descapitalizando a empresa, que sofre, consequentemente, com a incapacidade de se manter no mercado. Neste tópico entra, inclusive, a falta de investimento adequado na comunicação e no marketing. Isso porque ela leva ao desconhecimento do seu público-alvo, fazendo com que não se consiga atrair a atenção das pessoas para transformá-las em clientes.
Deixar de acompanhar as finanças
Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar uma gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles consigam seguir em frente. Muitas vezes, em especial nos primeiros anos de vida do empreendimento, acabam misturando as finanças pessoais com as da empresa.
Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desconhecer seus números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez. Dessa forma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões embasadas e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às suas finanças.
Não fazer a precificação adequada dos produtos e serviços
Há uma série de fatores que devem ser levados em consideração no momento em que se faz a precificação de produtos ou serviços em uma empresa. Uma análise do mercado e da concorrência é fundamental nesse processo, pois o valor da sua marca está diretamente relacionado ao preço que ela cobra.
Assim, custo de produção, hora trabalhada, percepção dos clientes em relação aos valores e a prática da concorrência devem entrar em seus cálculos para determinar a sua precificação. Empresários que não dão atenção a esses fatores podem acabar sofrendo com pouca sobra para fazer investimentos estratégicos, em especial na atração de novos clientes e na inovação.
Deixar escapar colaboradores talentosos
Retenção de talentos: você já deve ter ouvido falar nesse assunto e ele não pode ser negligenciado em seu negócio. Ter os melhores profissionais do seu segmento é um dos caminhos mais certeiros para o sucesso da sua empresa, pois são eles os responsáveis por manter os fluxos funcionando para que as metas e objetivos sejam alcançados.
Deixar que eles sejam conquistados pela concorrência só trará resultados negativos para o seu empreendimento. É preciso, portanto, investir em processos seletivos eficientes e em ações que ofereçam recompensas pelos trabalhos realizados, a fim de fazer com que sua empresa seja a primeira opção dos colaboradores, mantendo-os comprometidos com o negócio.
Não investir na inovação
O investimento em inovação é necessário em todos os negócios, mas nos micro e pequenos é crucial para a sobrevivência no mercado. É preciso que o empreendedor entenda que a tecnologia é capaz de promover redução de custos e resolução de problemas de forma mais eficiente, escalável e sustentável para a sua empresa.
Ao deixar de inovar, a empresa termina atrás da concorrência, perde clientes, seus melhores funcionários e, até mesmo, fornecedores. Portanto, é necessário estudar e implementar tecnologias que facilitem os processos em seu negócio para prosperar.
Saiba como evitar a falência
Agora que já entendemos alguns dos principais fatores que podem levar um negócio à falência, é hora de abordamos as medidas que podem ser adotadas por empresários, gestores e líderes para evitar chegar a essa prejudicial situação.
A seguir, reunimos algumas boas práticas que podem fortalecer as operações da sua empresa, mantendo-a mais sólida, organizada e distante da insolvência. Continue a leitura e confira!
Reduza custos desnecessários
Uma das características compartilhadas por muitas empresas que estão enfrentando o problema da falência é a atuação no vermelho. A saídas de capital em um patamar superior às entradas, com o passar do tempo, torna as atividades inviáveis, levando o negócio à total insolvência.
Alguns dos caminhos para se evitar chegar a esse ponto é aumentar a entrada de recursos, isto é, reforçar as vendas, ou a reduzir os custos operacionais do negócio. Como aumentar as vendas não é algo tão simples e ágil, a saída mais rápida é minimizar os custos.
Aqui, no entanto, nos referimos aos custos desnecessários, pouco estratégicos e que, por hora, podem ser eliminados. Nesse sentido, é preciso que o empreendedor avalie bem as contas da empresa e identifique quais são as atividades que podem sofrer cortes sem comprometer as atividades, iniciando a redução por elas.
Reforce a visibilidade das operações
Desenvolver uma gestão financeira eficiente é uma das maneiras mais eficazes de se reduzir os riscos de falência da empresa. Com uma gestão transparente, organizada e produtiva, dificilmente os gestores e líderes terão dificuldade em entender a real situação da empresa e tomarão decisões de forma equivocada.
Por esses e outros motivos, qualificar a gestão financeira da empresa é um passo importante. Entre as medidas que podem ser adotadas, destacamos os investimentos em automação, a exemplos softwares de gestão, que reforçam significativamente o controle sobre as operações do negócio, documentando de forma eficiente cada ativo, passivo, entrada, saída, custo e venda dentro da empresa.
Especialmente no contexto dos pequenos negócios, o auxílio da tecnologia é ainda mais relevante, pois nesse formato empresarial ainda é comum a adoção de expedientes manuais. Além disso, as equipes costumam ser reduzidas e nem sempre detém o conhecimento necessário para gerir as finanças da forma como se deve.
Tenha cuidado com o crédito oferecido por bancos
Se a empresa está com a saúde financeira comprometida, é muito importante que a tomada de decisão que de alguma forma envolva esse quesito seja muito bem executada. Nesse contexto, por exemplo, é comum a contratação de linhas de crédito emergenciais junto a instituições financeiras.
Entretanto, esse tipo de medida pode esconder uma série de riscos. Caso os devidos estudos não sejam feitos, a empresa pode assumir mais uma dívida e não conseguir arcar com os pagamentos, o que ocasionará a incidência de altos juros e multas, prejudicando ainda mais o seu quadro financeiro.
Então, a recomendação é ter bastante cuidado com o crédito oferecido pelo mercado. A contratação deve ser bem estudada, a fim de que decisões equivocadas não sejam tomadas e sacrifiquem a empresa.
Previna fraudes e a inadimplência
Sobretudo na fase inicial de uma empresa, quando os riscos financeiros são ainda maiores, é muito importante adotar algumas medidas de prevenção contra fraudes e inadimplência. Na prática, vender e não receber do cliente pode implicar sérios danos ao caixa do negócio, inviabilizando pagamentos e agravando dívidas que eventualmente existam.
Esse cenário é um potencial causador da falência. Por isso, é fundamental otimizar os processos de venda da empresa, negociando sempre de forma estratégica e segura com o cliente. Para se ter uma ideia dos riscos, aproximadamente 61 milhões de brasileiros iniciaram o ano de 2020 com alguma dívida em aberto — uma grande parcela da população.
Com tantos consumidores com problemas financeiros, as empresas precisam se prevenir. Para isso, investir em ferramentas de análise de crédito, avaliando com mais rigor o perfil financeiro do cliente, seu histórico no mercado e o status do seu CPF, por exemplo, pode minimizar os riscos de inadimplência e de prejuízos ao caixa do negócio.
Por fim, micro e pequenos empresários, muitas vezes, abrem o seu negócio sem ter um conhecimento aprofundado sobre administração, finanças, marketing, nível de competitividade do mercado e diversos outros assuntos fundamentais para que a empresa consiga seguir em frente e fugir da possibilidade de ir à falência.
Agora você já compreende melhor os motivos que podem fazer uma empresa ir à falência e, mais do que isso, sabe como agir para evitar esse quadro. Então, é hora de aplicar esses conhecimentos e atuar de forma mais estratégica e sólida no mercado!
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